Entenda o que é pré-diabetes, diabetes e hiperglicemiaTratamento do diabetes sem insulina? Cientistas dizem que cura pode ser possível

Para entender como é possível ter diabetes sem saber e compreender o real desafio que esta doença impõe ao Brasil — e também ao mundo —, o Canaltech entrevistou Carlos Eduardo Zenni Travassos, pediatra e Gerente Médico da Novo Nordisk. “É muito importante dar uma real dimensão do diabetes, porque os números são alarmantes”, adianta o médico.

Quantas pessoas têm diabetes no Brasil?

No Brasil, é estimado que 16 milhões de adultos convivam com o diabetes, independente de conhecerem o diagnóstico ou não, segundo relatório da Federação Internacional de Diabetes (IDF, em inglês), divulgado em 2021. Neste ponto, o médico Travassos lembra que “a quantidade de pessoas com diabetes aqui é maior que a população total de alguns países, como Portugal ou Bolívia”.
Segundo a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), cerca de 12,5 milhões destas pessoas têm o diabetes do tipo 2, que é adquirido ao longo da vida e impactado por fatores genéticos. Outro fato que deve ser destacado é que 18 milhões de brasileiros (11,9%) têm tolerância diminuída à glicose. Em outras palavras, têm alto risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, o que pode aumentar ainda mais as estáticas nacionais. Quando analisamos a população global, o IDF calcula que 537 milhões de pessoas com mais de 18 anos têm diabetes. Em relação ao relatório de 2019, é possível observar um aumento de 16%, ou seja, de 74 milhões de novos diagnósticos.

Custos anuais do diabetes para o Brasil

Com parte considerável da população brasileira diabética, é inevitável que isso não se traduza em altos custos para a saúde. Em 2021, o Brasil foi o terceiro que mais gastou com a doença no mundo. No total, US$ 42,9 bilhões (cerca de 229 bilhões de reais) foram investidos no tratamento da condição. Muito provavelmente, estes recursos poderiam ser reduzidos com diagnóstico precoce e políticas públicas que conscientizem para formas de prevenção.

É possível viver com o diabetes sem saber?

Diante desses números, vale se perguntar se é possível viver com o diabetes e não saber. Infelizmente, a resposta é sim. Afinal, esta é “uma doença por vezes silenciosa e nem sempre apresenta sintomas”, explica o médico Travassos. Sem exames preventivos, na forma assintomática, o indivíduo dificilmente descobrirá o quadro. Inclusive, quase um terço (32%) das pessoas que vivem com diabetes no Brasil não tem diagnóstico confirmado. São mais de 5 milhões de brasileiros. “Quando o diabetes não é detectado ou quando ele é tratado de forma inadequada, os pacientes correm o risco de complicações graves, como insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores”, lembra o especialista.

Sinais e sintomas que podem acender um alerta para o diabetes

Para quem não tem um diagnóstico de diabetes, alguns sinais e sintomas podem servir de alerta para buscar por ajuda médica, como:

Fome frequente;Sede constante;Vontade de urinar diversas vezes ao longo do dia;Perda de peso;Fraqueza;Fadiga;Mudanças de humor;Demora na cicatrização de feridas;Náusea;Vômito;Visão turva.

“Se uma pessoa tiver um ou mais desses sintomas com frequência, pode não significar que tenha diabetes, mas indica que algo pode não estar bem com a saúde e que é preciso procurar atendimento médico”, orienta Travassos.

É importante cuidar da sua saúde

“É importante fazer exames periódicos”, reforça Travassos. Também é necessário que o profissional da saúde avalie o risco cardiológico de seu paciente e, sempre que necessário, indique um tratamento com medicamentos que ofereçam segurança cardiovascular. Afinal, o número de pacientes diabéticos que morrem em decorrência de doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco (infarto) e AVC (derrame cerebral), é alto. Por outro lado, “quando a pessoa com diabetes mantém a doença sobre controle, seguindo corretamente as orientações e o tratamento indicados pelo médico, isso diminui consideravelmente a probabilidade de desenvolver essa série de complicações associadas”, afirma. Além disso, outros cuidados básicos com a saúde também são importantes, como manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas com regularidade, parar de fumar, controlar o peso, controlar o estresse e ter boa qualidade de sono. Inclusive, devem ser praticados também por aqueles indivíduos sem o diagnóstico da doença. Fonte: Com informações: Senado, IDF e ADJ