Agora, a situação do povo chinês parece ficar ainda mais assustadora: segundo o South China Morning Post (SCMP), um jornal de Hong Kong, algumas empresas obrigam seus empregados a usar um capacete que é capaz de ler ondas cerebrais e monitorar suas emoções. Esses dados são usados pelas empresas para ajustar o ritmo da produção e, caso necessário, realocar ou demitir funcionários.
Um dos capacetes é desenvolvido pelo centro de pesquisa em neurologia Neuro Cap, financiado pelo governo chinês na Universidade de Ningbo. Ele é equipado com sensores que fazem uma espécie de eletroencefalograma e os sinais são posteriormente interpretados para detectar depressão, ansiedade, raiva e diversas outras emoções. De acordo com o SCMP, o capacete é usado em larga escala em empresas do setor elétrico, exército, transporte público e algumas fábricas. Uma delas é a estatal State Grid Zhejiang Electric Power, de Hangzhou, que tem 40 mil funcionários e diz ter aumentado seu lucro em US$ 315 milhões graças a tecnologia. Outra empresa, a Ningbo Shenyang Logistics, afirma ao SCMP que o capacete ajudou a reduzir significativamente o número de erros pelos funcionários, graças a um entendimento maior dos empregados pela empresa. Ela diz que a tecnologia fez seu lucro aumentar em US$ 22 milhões nos últimos dois anos.
Outro capacete, desenvolvido pela Deayea, empresa de tecnologia de Xangai, é usado em motoristas de trem para detectar fadiga ou perda de atenção; caso o motorista não esteja completamente atento, o capacete dispara um alarme para acordá-lo. A precisão da tecnologia é de mais de 90%, segundo o site da empresa. Não sei se preciso falar como o uso dessa tecnologia é problemática: ler as emoções de uma pessoa é uma imensa invasão de privacidade e, apesar de supostamente ajudar as empresas a tomar melhores decisões e aumentar o lucro, abre margem para demissões motivadas pelo que os funcionários sentiam em um determinado momento. Isso se a tecnologia de fato funciona: segundo o MIT Technology Review, um eletroencefalograma feito a partir da pele ainda traz resultados limitados e a relação desses resultados com a emoção humana ainda não é tão clara, de acordo com um estudo feito em conjunto pela Universidade de Tongji (Xangai) e pela Universidade de Brunel (Londres). Com informações: South China Morning Post, MIT Technology Review.