Dada a complexidade do procedimento, os minutos que antecederam o pouso foram de nervosismo e apreensão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA em Pasadena, Califórnia. Mas, assim que a aterrissagem foi confirmada, o local testemunhou uma explosão de comemorações. Comemorações merecidas: a sonda se movia a 19.800 km/h e teve a sua velocidade reduzida para 8 km/h dentro de um intervalo de sete minutos para pousar com o menor impacto possível em solo marciano. O menor dos descuidos poderia ser fatal. Mas deu tudo certo. Na aproximação, a InSight se desprendeu do seu módulo de cruzeiro, manobrou para que seu escudo térmico altamente resistente pudesse protegê-la do calor oriundo de sua entrada na atmosfera do planeta — a temperatura nesse momento foi estimada em 1.500 graus Celsius — e, a três minutos de chegar ao solo, liberou seu paraquedas de quase 12 metros de diâmetro. Na etapa final, a sonda se libertou do paraquedas, reduziu ainda mais a sua velocidade com o auxílio de retrofoguetes e, tal como minuciosamente planejado pela NASA, fez o seu pouso. Horas depois, a InSight já se preparava para posicionar os seus painéis solares. Essa é outra etapa crítica, afinal, as suas baterias precisam ser carregadas.
A missão da InSight
O nome InSight é uma referência a Interior Exploration Using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport (Exploração do interior de Marte usando investigações sísmicas, geodésica e transporte de calor, em tradução livre). Como essa extensa denominação deixa claro, o objetivo principal da missão é estudar a parte de dentro de Marte, e não apenas a atmosfera e a superfície, como vinha sendo feito até então. Para tanto, um sismômetro (equipamento que detecta movimentos ou vibrações no solo) será instalado por um braço robótico para ajudar a NASA a estudar, entre outros aspectos, o diâmetro das camadas que formam o interior do planeta.
— NASAInSight (@NASAInSight) November 25, 2018 Outro equipamento essencial é um sensor térmico que será instalado em um ponto entre três e cinco metros abaixo da superfície. Uma de suas funções será a de ajudar os pesquisadores a determinar em que proporção o solo libera calor. Praticamente tudo é complexo em missões como esta, inclusive o posicionamento dos equipamentos. A NASA estima que poderá levar até três meses para concluir essa etapa. Isso porque cada procedimento precisa ser conduzido com cuidado. Em um dos primeiros deles, a InSight terá que enviar fotos para que os pesquisadores decidam em que local instalar os aparelhos. Isso não quer dizer que, nos próximos meses, a sonda ficará só tirando fotos feito um turista. Um terceiro equipamento — uma espécie de estação meteorológica compacta — irá monitorar parâmetros relacionados ao clima da Elysium Planitia, região de Marte em que a sonda pousou. Como já dito, a primeira foto já foi enviada. É esta imagem estranha logo abaixo, registrada dois minutos após o pouso. Os pontos escuros são oriundos da poeira que a sonda levantou na aterrissagem e que, como consequência, cobriram a proteção da câmera. Junto da InSight também estavam dois pequenos satélites que ficaram responsáveis por enviar dados de telemetria da sonda. Uma deles é que transmitiu a foto.
Se os planos forem seguidos à risca, a missão da InSight durará um ano marciano, período que corresponde a 687 dias terrestres. Isso significa que as coletas de informações devem durar até o fim de 2020. A NASA espera que a missão ajude a esclarecer como Marte se formou e o que o levou a se transformar em um deserto inóspito mesmo tendo características iniciais similares aos da Terra. Também é esperado que a sonda forneça informações que auxiliem em missões tripuladas ao planeta. Esta é a oitava nave da NASA a pousar em Marte. Os custos da InSight foram estimados em US$ 993 milhões. Com informações: Space.